ANTROPOSMODERNO
MULHER NEGRA: UMA PERSPECTIVA HISTóRICA E SOCIAL DOS MODOS DE VER
Alianna Caroline Sousa Cardoso 1

RESUMO: O presente trabalho trata da perspectiva da mulher negra no mundo contemporâneo, tecendo uma análise crítica de seu papel na história dos livros didáticos, vez que as mulheres negras que marcaram a história do mundo e principalmente do Brasil estão esquecidas diante do notório papel secundário que lhes foi atribuído. O estudo em questão trata de uma abordagem histórica das personalidades negras femininas que marcaram história, bem como trata de uma análise acerca da visibilidade que se dá a essas mulheres na sociedade atual, diante do preconceito sexista e racial. PALAVRAS CHAVE: mulher negra, mundo contemporâneo; preconceito sexista e racial; história RESUMEN: Este artículo trata de la perspectiva de las mujeres negras en el mundo contemporáneo, proponiendo un análisis crítico de su papel en los libros de historia, de como las mujeres negras, que han marcado la historia del mundo y especialmente en Brasil son olvidadas como consecuencia del notorio papel secundario que se les asigna. Este estudio es un enfoque histórico de las personalidades que caracterizaron la historia de la mujer negra y un análisis del lugar que se les da a estas mujeres en la sociedad actual, teniendo en cuenta los prejuicios sexistas y raciales.

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MULHER NEGRA: UMA PERSPECTIVA HISTóRICA E SOCIAL DOS MODOS DE VER

Alianna Caroline Sousa Cardoso

RESUMO: O presente trabalho trata da perspectiva da mulher negra no mundo contemporâneo, tecendo uma análise crítica de seu papel na história dos livros didáticos, vez que as mulheres negras que marcaram a história do mundo e principalmente do Brasil estão esquecidas diante do notório papel secundário que lhes foi atribuído. O estudo em questão trata de uma abordagem histórica das personalidades negras femininas que marcaram história, bem como trata de uma análise acerca da visibilidade que se dá a essas mulheres na sociedade atual, diante do preconceito sexista e racial.

PALAVRAS CHAVE: mundo contemporâneo; preconceito sexista e racial; história

RESUMEN: Este artículo trata de la perspectiva de las mujeres negras en el mundo contemporáneo, proponiendo un análisis crítico de su papel en los libros de historia, de como las mujeres negras, que han marcado la historia del mundo y especialmente en Brasil son olvidadas como consecuencia del notorio papel secundario que se les asigna. Este estudio es un enfoque histórico de las personalidades que caracterizaron la historia de la mujer negra y un análisis del lugar que se les da a estas mujeres en la sociedad actual, teniendo en cuenta los prejuicios sexistas y raciales.



PALABRAS CLAVE: mujer negra, mundo contemporáneo, los prejuicios sexistas y raciales, la historia

1. INTRODUÃ?Ã?O
A História oficial relegou aos negros um papel secundário, dificultando o caminho em direção à sua inclusão social e criando um estado de desigualdade difícil de ser alterado, e, ainda, muito embora homens e mulheres negras tendam a enfrentar problemas específicos nos múltiplos planos da vida social, é um fato que as mulheres negras se vêem duplamente discriminadas por serem do sexo feminino e afro-descendentes.
A discriminação sobre as mulheres negras perpassa planos não conhecidos pelos homens do mesmo grupo racial, tais como os reportados aos direitos reprodutivos, violência doméstica, violência sexual, dupla jornada de trabalho e demais seqüelas geradas por uma sociedade machista, como a brasileira. Esse contingente também comumente se vê impactado pelo seu rebaixamento à condição de objeto de prazer sexual dos homens (especialmente simbolizado na figura da mulata) e pela constante violação de sua auto-estima nos planos profissional e estético, e à marginalização no mercado matrimonial.

2. FUNDAMENTAÃ?Ã?O TEóRICA

Assim, a mulher negra brasileira vive em condições de extrema penúria, não fazendo parte deste segmento burguês de que trata o movimento feminista mundial já que os efeitos sociais da mística feminina por serem profundos e extensos, criam uma polarização que mutila. E por isso, a ocupação dona-de-casa assume um significado para a mulher branca e outro para a mulher negra.
é nesse contexto que o presente mini-curso pretende trabalhar o conceito da mulher negra e o mito de sua sexualidade no decorrer da história mundial, exaltando as mulheres que fizeram história e evidenciando a importância do papel dessas mulheres esquecidas na memória da sociedade falocêntrica brasileira, valorizando, dessa forma, a feminilidade colorida.
Inicialmente este estudo intui trazer ao leitor a perspectiva historiográfica feminina negra ao longo dos tempos, apresentado as figuras que deixaram sua marca na história mundial e brasileira.
Assim, trazemos à baila a historiagrafia dessas mulheres que foram além do que lhes era permitido ir:
As negras do mundo

Rainha Nzinga Mbandi (Dona Ana)
Rainha do reino Ndongo, nascida no início do século XVI, desempenhou um papel importante de resistência às incursões portuguesas em suas terras. Impôs-se como mediadora respeitada nas relações entre os portugueses e os comerciantes da região do Congo-Angola.
Nzinga Mbandi Ngola Kiluanje, a Rainha Ginga, nasceu em N”dongo, Angola, áfrica Ocidental. Assumiu o trono e passou a lutar pela libertação do seu povo. A Rainha Ginga utilizava `a força e meios estratégicos para estabelecer alianças com outros reinos, por intermédio de intensa atividade diplomática.
Dona Beatriz Kimpa Vita
Diante da situação de subordinação do antigo Reino do Congo ao domínio português, na segunda metade do século XVII, surgiram vários profetas messiânicos, dentre os quais se destaca a figura da dona Beatriz, que se colocava como porta-voz de Santo Antônio de Pádua. Beatriz fez seu proselitismo em São Salvador (antiga Mbanza Congo). Em sua pregação, dizia que era vontade de Deus a restauração da antiga glória congolesa, sendo Mbanza a verdadeira Belém, e Jesus, Maria e seus discípulos, de origem congolesa. Em virtude de suas pregações e incentivos á luta contra os portugueses, eles a condenaram à morte por bruxaria, quando tinha apenas 24 anos de idade.
Solitude (mulata Solitude)
Nasceu escrava por volta do ano de 1722, numa fazenda no arquipélago de Guadalupe, no mar do Caribe, colônia da França à época. Em 1802, foi condenada ao cadafalso, por ordem do governo francês, pelo fato de ter sido uma das líderes da luta pela não-revogação da abolição da escravidão e pela independência de Guadalupe. As revoltas, com participação de escravos e negros libertos em Guadalupe, se deram em contexto semelhante ao do Haiti. Até hoje, o arquipélago de Guadalupe não é independente: trata-se de um departamento francês no ultramar.
Harriet Tubman (musa do povo negro norte-americano)
Nascida escarava, entre 18189 e 1823, numa plantação de algodão em Maryland (EUA). Em 1849, fugiu para a Pensilvânia (Estado americano não-escravista). De lá, passou a organizar e a guiar escravos que fugiam do Sul em direção ao Norte, numa rota que chegava ao Canadá. A trilha que criou em direção à liberdade e a rede de auxílio para os escravos em fuga que idealizou ficaram conhecidas como ”ferrovia subterrânea", e possibilitaram que mais de 100 mil cativos escapassem do Sul escravista.
Mariama Bâ
Mariama Bâ (1929 - 1981) foi uma escritora senegalês e feminista, que escrevia em francês. Nascida em Dakar, foi criada como muçulmana, mas a mais tenra idade veio para criticar o que ela percebeu como as desigualdades entre os sexos decorrentes das tradições Africanas e Islâmicas. Criada pelos avós tradicionais, ela teve que lutar até ganhar uma educação, porque eles não acreditavam que as meninas devem ser ensinadas. Bâ mais tarde se casou com um membro do Parlamento senegalês, obeye Diop, mas divorciou-se dele e foi deixado para cuidar de seus nove filhos.

Sua frustração com o destino das mulheres-Africanas, bem como sua aceitação definitiva do mesmo, é expresso em seu primeiro romance, So Long a Letter. Nele, ela descreve a tristeza e resignação de uma mulher que devem compartilhar o luto de seu falecido marido com sua esposa, segundo mais jovem. Abiola Irele chamou-lhe "a representação mais profunda da condição feminina na ficção Africana". Este pequeno livro foi premiado com o primeiro Prémio Noma para publicação em áfrica em 1980.

Bâ morreu um ano depois, após uma longa doença, antes de seu segundo romance, Scarlet Song, que descreve as dificuldades que uma mulher enfrenta quando seu marido a abandona por uma mulher mais jovem que ele conheceu na juventude, foi publicado.
As negras no Brasil
Agotime, ranh/Maria Mineira Naê
Rainha do reino de Abomey, foi vendida como escrava para o Brasil, após a morte do rei Agongo (1789-1797). Seu filho Ghezo (1818-1858) tornou-se rei, apesar da desventura que se abatera sobre sua mãe. No Brasil, Agotime foi fundadora da Casa das Minas, desempenhando um papel vital de resistência cultural e religiosa.
Rosa Maria Egipcíaca da Vera Cruz
De acordo com Luiz Mott, que estudou a trajetória de Rosa, ela foi a primeira africana no Brasil a escrever um livro. Sabe-se que, nos primeiros 20 anos de vida, morou no Rio de Janeiro, até ser vendida para Minas Gerais, onde permaneceu por 18 anos. Depois desse período, Rosa retornou ao Rio de Janeiro em 1751, onde morou até 1763, quando foi enviada para a Inquisição em Lisboa. Apesar da condenação da Igreja, foi considerada santa por brancos, escravos e libertos, pela família de seu antigo senhor, e até por alguns padres.
Auta de Souza (1876-1901)
Ficou órfã aos três anos, com a morte de sua mãe por tuberculose, e no ano seguinte perdeu também o pai, pela mesma doença. Sua mãe morreu aos 27 anos e seu pai aos 38 anos.
Durante a infância, foi criada por sua avó materna, Silvina Maria da Conceição de Paula Rodrigues, conhecida como Dindinha, em uma chácara no Recife, onde foi alfabetizada por professores particulares. Sua avó, embora analfabeta, conseguiu proporcionar boa educação aos netos.
Aos onze anos, foi matriculada no Colégio São Vicente de Paula, dirigido por freiras vincentinas francesas, e onde aprendeu Francês, Inglês, Literatura (inclusive muita literatura religiosa), Música e Desenho. Lia no original as obras de Victor Hugo, Lamartine, Chateaubriand e Fénelon.
Quando tinha doze anos, vivenciou nova tragédia: a morte acidental de seu irmão mais novo, Irineu Leão Rodrigues de Sousa, causada pela explosão de um candeeiro.
Mais tarde, aos catorze anos, recebeu o diagnóstico de tuberculose, e teve que interromper seus estudos no colégio religioso, mas deu prosseguimento à sua formação intelectual como autodidata.
Continuou participando da União Pia das Filhas de Maria, à qual se uniu na escola. Foi professora de catecismo em Macaíba e escreveu versos religiosos. Jackson Figueiredo (1914) a considera uma das mais altas expressões da poesia católica nas letras femininas brasileiras.
Começou a escrever aos dezesseis anos, apesar da doença. Frequentava o Club do Biscoito, associação de amigos que promovia reuniões dançantes onde os convidados recitavam poemas de vários autores, como Casimiro de Abreu, Gonçalves Dias, Castro Alves, Junqueira Freire e os potiguares Lourival Açucena, Areias Bajão e Segundo Wanderley.
Chiquinha Gonzaga
Francisca Edwiges Neves Gonzaga, mais conhecida como Chiquinha Gonzaga, (Rio de Janeiro, 17 de outubro de 1847 ” Rio de Janeiro, 28 de fevereiro de 1935) foi uma compositora, pianista e regente brasileira.
Foi a primeira chorona, primeira pianista de choro, autora da primeira marcha carnavalesca (Ã? Abre Alas, 1899) e também a primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil. No Passeio Público, há uma herma em sua homenagem, obra do escultor Honório Peçanha.
Hilária Batista de Almeida
conhecida como Tia Ciata (Salvador 1854 ” Rio de Janeiro 1924) foi uma cozinheira e mãe de santo brasileira. Foi iniciada no candomblé em Salvador por Bangboshê Obitikô, era filha de Oxum. No Rio de Janeiro era Iyakekerê na casa de João Alabá. Também ficou marcada como uma das principais animadoras da cultura negra nas nascentes favelas cariocas. Ela era a dona de uma casa onde se reuniam sambistas e onde foi criado ”Pelo Telefone", o primeiro samba gravado em disco, assinado por Donga e Mauro de Almeida.
Mãe Aninha
Filha de africanos, Eugênia Ana dos Santos, ialorixá Obá Biby, mais conhecida como Mãe Aninha, nasceu em Salvador, em 1869. Foi ”feita"no candomblé do Engenho Velho, a casa de Mãe Nssô, fundando por volta de 1830 e o primeiro a funcionar regularmente na Bahia. Saiu de lá para formar uma nova casa, o Ilê Axé Opô Afronjá, hoje patrimônio histórico nacional. Mâe Aninha sempre lutou para fortalecer o culto e garantir condições para o seu livre exercício. Segundo consta, por intermédio do ministro Oswaldo Aranha, que era seu filho-de-santo, provocou a promulgação do Decreto Presidencial n.º 1.202, no primeiro governo de Getúlio Vargas, pondo fim à proibição aos cultos afro-brasileiros em 1934. Falecida em 1938, Mãe Aninha foi sucedida por Mãe Bada de Oxalá e, depois, por Maria Bibiana do Espiríto Santo, Oxum Muiuá, popularmente conhecida como Mão Senhora de Oxum.
Mãe Menininha do Gantois
Escolástica Maria da Conceição Nazaré, nome de batismo de Mãe Menininha do Gantois, nasceu em 10/02/1894, na cidade de Salvador, e era neta de escravos. O Terreiro do Gantois foi fundado por sua bisavó, Maria Júlia da Conceição Nazaré, em 1849. Nos mais de 60 anos em que liderou o Terreiro do Gantois como relações-públicas de sua religião, Mãe Menininha sempre se mostrou disponível para explicar o candomblé a quem se interessasse. Além disso, sempre teve um ótimo relacionamento co governantes, artistas e intelectuais e também conquistou o respeito de líderes de outros terreiros e até de sacerdotes católicos. Morreu em 13/08/1986, aos 92 anos, na cidade de Salvador.
Antonieta de Barros
Nasceu em Florianópolis, em 11/07/1901. De família muito pobre, ainda criança ficou órfã de pai, sendo criada pela mão. Aos 17 anos, ingressou na Escola Normal Catarinense, concluindo o curso em 1921. Em 1922, fundou o Curso Particular Antonieta de Barros, dedicado à alfabetização da população carente. Dirigido por ela até a sua morte, foi fechado em 1964. Professora de Português e Literatura, Antonieta exerceu o magistério durante toda a vida, inclusive em cargos de direção. Notabilizou-se por ter sido a primeira deputada estadual negra do país e a primeira mulher eleita deputada no Estado de Santa Ctarian. Faleceu no dia 18/03/1952.
Caroline Maria de Jesus
Nascida em Sacramento, interior de Minas Gerais, em 14/03/1914, Carolina veio de uma família de oito irmãos, extremamente pobre. Cedo teve de trabalhar e cursou apenas até o segundo ano primário.
Na década de 1930, mudou-se para São Paulo, indo morar na favela do Canindé. Ganhava seu sustento e de seus três filhos catando papel. No meio do lixo, Carolina encontrou uma caderneta. Transformou-a em diário e passou a registrar seu cotidiano de favelada. Em 1960, descoberta pelo jornalista Audálio Dantas, repórter da Folha da Noite, suas anotações foram transformadas no livro Quarto de Despejo, que vendu mais de 100 mil exemplares. Carolina foi uma das duas únicas brasileiras incluídas na antologia em Nova York. O Dicionáriom Mundial de Mulheres Notáveis, publicado e Lisboa por Lello & Irmão, também dedica a ela um verbete. Faleceu em 1977.
Elizeth Cardoso
Nasceu no Rio de Janeiro, em 16/07/1920. Sua família estava intimamente ligada à vida cultural da Praça Onze. Com ela. Costumava frequentar a Casa de Tia Ciata, mesmo morando em Jacarepaguá. Cantora de voz exuberante, ficou conhecida como ”A Divina", ”A Magnífica", ”Enluarada" e ”Lady do Samba". Na década de 1960, Elizeth foi responsável pela consagração de vários sambistas. Gravou mais de 50 discos, entre eles o LP Elizeth Sobre o Morro, um destaque da discografia brasileira, que amrcou a estréia de Nelson Cavaquinho em gravações e trouxe a primeira composição gravada de Paulinho da Viola. A cantora faleceu em 07/05/1990, no Rio de Janeiro.
Lélia Gonzalez
Nasceu em Belo Horizonte, em 1935, filha de ferroviário e mãe de origem indígena. Veio para o Rio na década de 1940. Lélia Almeida Gonzalez foi uma militante constante da cusa da mulher e do negro. Graduou-se em História e Filosofia, fez mestrado em Comunicação e doutorao em Antropologia. Foi professora de várias universidades e escolas importantes. Seu último cargo acadêmico foi o de diretora do Departamento de Sociologia e Política da Pontíficia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC). Dedicou sua carreira acadêmica ao estudo das relações raciais no Brasil, sendo a responsável pela introdução do debate sobre o racismo nas universidades brasileiras. Lélia participou da criação do Instituto de Pesquisas das Culturas Negras (IPCN ” RJ), do Nzinga Coletivo de Mulheres Negras ”RJ e de 1982 pelo Partido dos Trabalhadores (PT), NO Rio de Janeiro. Militou no PT entre 1981 e 1986. Nesse ano, filiou-se ao Partido Democrático Trabalhista (PDT), disputando a eleição para deputada estadual. Faleceu no Rio de Janeiro, de enfartem em 1994.
Foi uma das fundadoras, em 1978, do Movimento Negro Unificado contra a discriminação racial. Realizou e participou de inúmeras conferências, no Brasil e no Exterior, sobre as problemáticas do negro e , particularmente, da mulher negra de nosso país.
Atuou como membro efetivo do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher e ajudou a fundar o Grupo Olodum.
Luiza Mahin
Segundo seu filho Luiz Gama, Luiz Mahin teria nascido livre na áfrica. Dizia ter sido princesa na Costa Negra e pertencia à Nação Nagô-jeje, da tribo Mahin. Veio para o Brasil na condição de escrava.
Era quitandeira e permaneceu pagã por haver recusado, terminantemente, a ser ungida com os ”Santos óleos" do batismo e seguir os preceitos da religião católica.
De temperamento rebelde e combativo, envolvia-se sempre em atividaes em que a condição do negro, em sua época, era posta em questão.
Luiza Mahin foi uma das principais organizadoras da revolta dos Malês,, levante que se deu na noite de 24 para 25 de janeiro de 1835, liderado por escravos africanos de religião Muçulmana, conhecidos na Bahia como Malês.
Pela perseguição que sofreu após a atuação na Revolta dos Malês, partiu para a cidade do Rio de Janeiro, onde prosseguiua luta pelos seus irmãos de raça.
Acabou sendo deportada para a áfrica de onde nunca mais se teve notícias de Luiza.
Dandara
Foi uma mulher negra guerreira que lutou, ao lado de Ganga Zumba, no Quilombo de Palmares, contra o sistema escravocrata no século XVII, no Brasil.
Não há registro sobre o local de seu nascimento. Os relatos levam a entender que ela nasceu no Brasil e estabeleceu-se no Quilombo de Palmares, ainda menina.
Dandara se colocou ao lado de Zumbi contra Ganga Zumba, por este assinar o tratado de paz com o governo português. Sua posição levou outras lideranças palmarinas a ficar ao lado de Zumbi.
Dandara foi morta em 1694 com outros palmarinos, quando da destruição da Cerca Real dos Macacos, em 06/02.
Chica da Silva
Francisca da Silva nasceu em 1735, em Vila do Príncipe, Minas Gerais, filha da escrava Maria da Costa com o português Antonio Caetano de Sá. Morreu em 1796, no Arraial do Tejuco em Minas. A ascensão social de Chica, através da união com o contratador de diamantes João Fernandes, garantiu status para si e para seus filhos e levou-a a integrar diversas irmandades negras, ajudando a construir igrejas importantes para as festas e constituir identidades coletivas negras.
Chica da Silva se popularizou em Mina Gerais, no Arraial do Tijuco, onde se situa a cidade de Diamantina. Chegou a comprar a alforria de mais de 100 escravos, tendo ainda recursos monetários e materiais para subvenciar a gloriosa ousadia da Inconfidência Mineira.
Aprendeu a ler e a escrever. Casou-se duas vezes, mas foi com o contratador de diamantes João Fernandes de Oliveira que se transformou em ”Rainha Negra" no imaginário popular.
Assim, com a visualização do potencial feminino negro em luta, pretende-se debater a idéia da mulher negra da sociedade falocêntrica que prega o preconceito, a discriminação e o racismo.

3. MATERIAIS E MéTODOS

Para a realização deste estudo, foram utilizadas algumas cartilhas do governo Federal resultado de um projeto denominado A COR DA CULTURA, sendo que, grande parte da pesquisa elaborada resultou da visualização de vídeos oriundos do projeto mencionado, e trabalhados no curso de extensão NEGRáFRICA, ministrado pelo Núcleo de Estudos de Gênero, Raça e Alteridade ”NEGRA, vinculado à Universidade do Estado de Mato Grosso ” UNEMAT.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃ?O
Atualmente, faz parte das reivindicações dos movimentos sociais negros, em sua luta contra o racismo, o desvelamento da verdadeira história do povo negro neste país. Tirar do anonimato fatos históricos e figuras femininas ilustres, que se destacaram brilhantemente como líderes nas lutas em favor do povo negro, é uma bela tarefa a ser empreendida...
O intuito desse mini-curo é recontar a história, não vista pelo lado opressor, mas sim pelo lado do oprimido, do marginalizado, fazendo emergir grandes personagens de nossa história, vez que estes, por lutarem a favor dos despossuídos do poder, entraram em desacordo com os interesses dos ricos e poderosos. Portanto, essas mulheres guerreiras foram apagadas da historiografia oficial, mas a história pulsa. Nas palavras de Chico Buarque e Pablo Milanês ”...e quem garante que a história é uma carroça abandonada numa beira de estrada ou numa estação inglória? A história é um carro alegre, cheio de um povo contente que atropela indiferente todo aquele que a negue!"
Ainda objetiva-se com a proposta deste mini-curso, discutir a imagem e mensagem machista que a sociedade impõe sobre a mulher, debatendo os fatores raciais e de gênero do preconceito que se estende pela sociedade, sob a égide de que ”(...) a frase, o conceito, o enredo, o verso. (E, sem dúvida, sobretudo o verso). é o que pode lançar mundos no mundo." (Caetano Veloso)

5. CONSIDERAÃ?Ã?ES FINAIS
O que se pode perceber com o estudo em análise, é que a sociedade contemporânea continua apenas está reproduzindo de maneira velada o preconceito, discriminação e racismo contra as mulheres negras, esquecendo da importância dessas mulheres para a construção que hoje chamamos de país.
Essa miscigenação cultural é resultado do emprego malicioso do sexismo, dimininuindo a mulher como indivíduo.
Denota-se, desta feita, que há a necessidade de se trabalhar esse esquecimento dessas mulheres para a inserção da auto-estima nas mulheres negras do hoje, para que o preconceito e a discriminação sexista e racial possa ser engolida pela cultura e conhecimento de nossas raízes.

6. REFERÃ?NCIAS BIBLIOGRáFICAS
Caderno de Textos; Saberes e Fazeres; Modos de Ver; vol. 1; Projeto A Cor da Cultura; Fundação Roberto Marinho; Rio de Janeiro; 2006.
Caderno de Textos; Saberes e Fazeres; Modos de Interagir; vol. 3; Projeto A Cor da Cultura; Fundação Roberto Marinho; Rio de Janeiro; 2006.
ROCHA, Rosa Margarida de Carvalho; Almanaque Pedagógico Afro-brasileiro; Uma prposta de intervenção pedagógica na superação do racismo no cotidiano escolar; 2.ª ed.; Mazza Edições; Belo Horizonte; 2006
LOPES, Helena Theodoro; Mulher Negra, mitos e sexualidade; 2008; Disponível in:< http://www.forumplp.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1152:mulher-negra-mitos-e-sexualidade&catid=76:principal&Itemid=345>




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